MEC – Curso GESTAR – TP2 – Unidade 7
Orientadora Gestar: Aneli Remus
Cursista: Simone de Abreu
Resenha da Unidade 7 ( A arte: formas e função).
O mundo da imagem é nos inserido já desde a tenra idade e faz parte de nossas vidas até o final dela; mas saber interpretar estas imagens não é algo nato, pois dependerá de nossa construção de cultura e da maneira como somos inseridos nela. Ou seja, a foto de um charuto poderá ser muito significativa para alguém que passou a infância vendo o avô querido a fumar e contar histórias, mas, no máximo, significará uma colher, talvez, para alguém que nunca viu um charuto. Há ainda aquele que nunca viu um, mas leu sobre ele no dicionário; este provavelmente o identificará quando vê-lo ou, o descreverá, mas faltará toda a carga sentimental a ele atribuída pelo 1º leitor, o do avô. E indo mais além, alguém que estudou sobre os males do fumo poderá ver um charuto e ter vontade de rasgar a foto, pois conhece os efeitos nefastos sobre a saúde. E assim, cada um perceberá significados diferentes em uma única imagem. O que nenhum deles poderá negar, no entanto, é que o charuto tem a utilidade básica de ser um objeto por onde se fuma.
Considerando tudo isso, é de se estranhar que o ensino da Língua praticamente não considere a imagem como um texto, pois nos dias atuais usamos mais a imagem do que a escrita. Numa sociedade de consumo desenfreado, a linguagem da propaganda é a prova cabal de que “uma imagem vale mais do que mil palavras” e é obviamente, um poderoso texto.
Na verdade, é tão verdade isso, que os profissionais da comunicação já o perceberam e usam a imagem para manipular a opinião do público sobre o que desejam vender, seja uma idéia, um produto, etc.
Neste contexto, o TP1 trouxe o estudo dos gêneros: tirinha, fotografia, e composição musical entre outras, como introdução ao estudo da imagem como um texto, e agora o TP2 leva além essa discussão enfocando a ARTE, como objeto de estudo do texto visual e, a partir dela, chegar ao estudo mais detalhado do papel da Literatura na vida das pessoas.
As atividades são dispostas na seguinte ordem:
primeiro levar o leitor Professor a perceber como ele próprio percebe e encara a Arte na sua vida: para isso traz questionários que fazem o leitor refletir sobre o tema e identificar em si próprio a motivação para ensinar o aluno sobre a ARTE. As atividades partem do pressuposto de que o professor deve antes de qualquer coisa, conhecer a arte e percebê-la a sua volta, para então, repassar o entusiasmo da arte para seus alunos. Como somos seres culturais, é bastante lógico que a maneira como vemos a Arte em nossas vidas, seja a maneira como nossos alunos a encararão. Em maior ou menor grau. Portanto, o Professor é confrontado aqui com suas próprias convicções e percepções sobre a Arte na sua própria vida. As atividades mostram a Arte nos monumentos das praças, na arquitetura das casas, em Brasília, nas fotos, na natureza, na música popular, etc.
Segundo: a perceber que a Arte é uma necessidade humana e potencializadora da criatividade que ele tanto deseja que seus alunos tenham, pois ela traz consigo as inúmeras possibilidades de criar e recriar realidades sob diversas maneiras; Além disso, torna possível conhecer outras realidades e aumentar seu potencial de referência de mundo; ter parâmetros de comparação para também criticar sua realidade, além de outros aspectos.
Terceiro: Perceber a relação da arte com a vida real, quando esta interpreta a vida; visto que representamos sob a forma de arte, seja sob qual forma for, nossas próprias concepções de mundo. E cada um que se deparar com esta arte expressa, terá novas visões da realidade, sua e de outros. Terá seus horizontes referenciais muito mais amplos.
Quarto: que a Arte procura ser uma representação da realidade, mas também não tem compromisso com esta, pois uma representação não é a coisa em si, representada, mas uma tentativa ou ainda, uma distorção desta realidade. E daí a importância dos conceitos “denotação e conotação” que permeiam a nossa linguagem tanto na fala quanto na escrita e principalmente na Literatura e os conceitos de real e irreal.
Por fim, mas não se extinguindo as intenções, o professor é convidado a entender que a ARTE não é um meio para se conseguir recompensas ou aplausos, como tudo neste sistema capitalista nos mostra ser, mas que a Arte, independente de sua forma: escrita, pintada, artesanal, escultural, musical, etc. não é um meio, mas um fim. Faz-se por prazer, não, por pretexto para se chegar a algum lugar. Metaforicamente falando, a Arte é um pombo correio que usará as mais criativas formas e estratégias para levar uma mensagem a alguém que se encontra em outro canto. Seja do outro lado da casa, ou do outro lado do mundo. Ou ainda, de si para si. Mas esse trajeto só se dará se alguém produzir e outro alguém recebê-lo.
Reflexão permitida por esta unidade:
A arte faz parte da humanidade desde eras primitivas e sempre serviu para representar o momento histórico atuante, e como não somos seres isolados, mesmo a mais solitária forma de praticá-la representa um sentimento coletivo em maior ou menor grau. Mas se é assim, como podemos explicar que as escolas têm tratado o estudo da Arte como algo distante da realidade dos alunos e apresentável apenas no estudo da Literatura, no segundo grau, e nos Museus, de preferência? Nos acostumamos a isso desde pequenos e realmente nos tornamos em maior grau, grandes copiadores da ARTE criada por poucos.
Mas se Arte é a expressão pessoal e cultural então deveríamos todos ser capazes de produzi-la, interpretá-la e reconhecê-la, mas não é bem o que acontece e por razões múltiplas, nos encaminhamos para o lado da anulação. Matando a consciência da Arte, matamos também a criatividade para interpretar o mundo a nossa volta. Não precisamos ser professores para perceber que isto já está acontecendo quando damos ao nosso aluno, uma folha em branco e este desenha uma personagem da TV, de preferência, um demônio dos desenhos japoneses. Uma representação do mais terrível processo de esvaziamento criativo e aculturação a que chegamos no século XXI.
A Arte deveras está no nosso meio, mas precisamos enxergá-la e interpretá-la, pois no Museu estão apenas o que se tem por arte consagrada, e a maioria dos seus autores, morreram há no mínimo 100 anos. Quase todos sofreram muito por não serem reconhecidos. Muitos se mataram. É o mínimo que podemos fazer, conhecê-los e homenageá-los, mas a Arte deles deve nos servir de inspiração, não de cópia ou advertência de que não somos artistas porque não podemos criar como eles.
As atividades do TP 2 propõem que se veja a Arte onde ela está, ou seja, em quase tudo, apesar de atualmente estar diluída entre os lixos modernos da cópia e da perda de critérios. Mas o fato é que a Arte para um pode ser lixo para outro, e isso também é bom, pois permite que todos possam criar e se deleitar com ela, independentemente de talento ou não. Afinal a arte não foi com certeza, criada para vender, mas para dar prazer a quem a faz e a quem a contempla. Nos dias atuais há uma democratização da arte, se traz características ruins ou não, cabe a quem julga. O importante é que todos temos capacidade de produzir alguma Arte.
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