terça-feira, 23 de junho de 2020

Em defesa do novo FUNDEB - 23 de junho 2020


Muito importante esse debate. É necessário que a sociedade informe-se e  esclareça-se sobre o FUNDEB. Alguns pontos vou elencar aqui do que precisamos:
. garantir o FUNDEB permanente - constitucional;
. garantir a ideia de equidade e não a partir de resultados ( meritocracia);
. complementação da união de 40%;
. modelo híbrido;
. recursos exclusivamente para escolas públicas;
. retirar o salário da educação























domingo, 21 de junho de 2020

VIDAS NEGRAS IMPORTAM

Todo o país, seguindo a onda mundial, foi tomado por movimentos de rua que se rebelam contra a opressão e exclusão do povo negro. Uma luta histórica no mundo. No Brasil, um dos últimos países a abolirem a escravidão, essa opressão e exclusão são ainda mais flagrantes. Com o governo Bolsonaro o povo negro, pobre e trabalhador tem sofrido ainda mais preconceito racial e as consequências severas do aumento da desigualdade social.
Registro fotográfico do movimento em Florianópolis/SC - Junho/2020







Fora Bolsonaro - Eleições gerais diretas já

Em todo o território nacional  há movimentos exigindo o " Fora Bolsonaro". Não é diferente na cidade de Florianópolis/SC.

Neste sábado, 20/06/2020 foi mais um dia de ato. A pandemia - covid-19, é assustadora, mesmo assim os manifestantes vão às ruas. Respeitando a distância e usando máscaras.



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quarta-feira, 10 de junho de 2020

PRECONCEITO LINGUÍSTICO

Parece haver uma tendência a lutar contra os preconceitos hoje, porém isso não tem acontecido em relação ao preconceito linguístico. Esse tipo de preconceito tem aumentado, alimentado pela mídia e pelos instrumentos tradicionais de ensino da língua.
Vamos examinar algumas afirmações falaciosas a respeito a língua e ver em que medida são mitos e fantasias.
Quando terminarmos esse passeio pela mitologia do preconceito linguístico refletiremos para encontrarmos meios de combatê-lo no nosso dia-a-dia, na nossa atividade pedagógica de professor em geral, e particularmente, de professor de língua portuguesa.

Mito 1

A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade.

Ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística, como se ela fosse a língua comum a todos os milhões de brasileiros. No Brasil esse português apresenta alta grau de diversidade e variabilidade, por conta da grande extensão territorial e por causa da trágica injustiça social. Esses fatores criam um abismo linguístico entre os falantes das variedades não-padrão do português brasileiro e os falantes da variedade culta.
Da mesma forma que existem milhões de brasileiros  sem terra, sem escola, sem teto, sem trabalho, sem saúde, existem milhões sem língua.
Se acreditarmos no mito da língua única, existem milhões sem acesso a essa língua, que é norma literária, culta, empregada pelos escritores e jornalistas, pelas instituições oficiais e órgãos do poder - SÃO OS SEM LÍNGUA.
é claro que eles falam o português, uma variedade não-padrão, com uma gramática particular, que não é reconhecida uma como válida, que é desprestigiada, ridicularizada, algo de chocota e de escárnio.
Os falantes dessas variedades têm dificuldades para compreender mensagens enviadas pelo poder público. Esses falantes deixam de usufruir diversos serviços, por não compreenderem a linguagem.
O português no Brasil não é um bloco compacto, coeso e homogêneo. Há uma grande variedade do português brasileiro com sua gramática, coerente, lógica e funcional.
É preciso abandonarmos o mito da UNIIDADE, e reconhecer a verdadeira diversidade linguística de nosso país para melhor planejar suas políticas junto a população.
O reconhecimento de normas linguísticas diferentes é fundamental para que o ensino em nossas escolas seja consequente com o fato de que a norma linguística ensinada, em muitas situações, é uma "língua estrangeira".
nos parâmetros curriculares nacionais (PCN - MEC -1998) já reconhece-se essa diversidade linguística e é importante que se propaguem pelas salas de aula de todo o país.

Mito 2

Brasileiro não sabe português. Só em Portugal se fala bem português.

Essas opiniões refletem o complexo de inferioridade de sermos colônia de um país mais antigo e mais "civilizado". Isso é uma ideologia impregnada em nossa cultura há muito tempo. É a mesma concepção torpe segundo a qual o Brasil é um país de "caipiras infelizes". Apesar do medo das invasões dos anglicismos e galicismos a língua portuguesa, nesses últimos noventa e cinco anos se manteve muito bem falada e escrita por cada vez mais gente. Produziu uma literatura reconhecida mundialmente, é propagada também em nível internacional pelo prestígio da música popular brasileira.
Não adianta bradar contra a "invasão" de palavras na língua portuguesas sem analisar a dependência política-econômica do Brasil.
Quanto a afirmação de que "só em Portugal se fala bem português" não é verdade. O brasileiro sabe português sim. O que acontece é que o nosso português é diferente do português falado em Portugal. Por uma razão histórica é que dizemos que no Brasil se fala português. Do ponto de vista linguístico, a língua falada no Brasil já tem uma gramática que diferencia-se cada vez mais do português de Portugal. Por isso os linguistas preferem o termo português brasileiro.
As diferenças são muitas que podem surgir dificuldades de compreensão: no vocabulário, nas expressões, e na pronúncia. Os sistemas pronominais são totalmente diferentes.
O único nível em que ainda é possível uma compreensão é o da língua escrita formal, porque a ortografia é praticamente a mesma, no Brasil e Portugal.
No entanto as regras gramaticais consideradas " certas" são aquelas usadas por Portugal, que servem para a língua falada lá, que retratam bem o funcionamento da língua que os portugueses falam. Então fica implícito que para considerar uma expressão "legítima" basta que seja "usada  por todos os portugueses", como se ditassem a norma linguística válida para todos os povos que falam português.
O mito de que brasileiros não sabem português afeta o ensino de línguas estrangeiras, fazendo a velha confusão entre  língua e gramática normativa. É cômodo jogar a culpa no aluno ou na incompetência linguística "inata" do brasileiro em vez de buscar as causas das dificuldade de ensino na metodologia empregada, nas diferenças de aptidão individual e na competência do professor.
Nosso país é 92 vezes e meia maior que Portugal, nossa população 15 vezes superior. Só em São Paulo vivem mais falantes do português que em toda a Europa. O Brasil também no cenário político-econômico mundial é bem mais importante que Portugal. Não tem sentido, portanto, alimentar a fantasia de que os portugueses são os verdadeiros "donos da língua".
Existe a ilusão de que os portugueses falam e escrevem "tudo certo", que seguem as regras gramaticais ensinadas na escola. Não é nada disso. Assim como nós, os portugueses cometem seus "pecados" contra a gramática normativa.
Não há por que continuar difundindo a ideia de que "brasileiro não sabe português". O brasileiro sabe o seu português, o português do Brasil, que é a língua materna de todos os que nascem e vivem aqui, enquanto os portugueses sabem o português deles. Nenhum é o mais certo ou o mais errado, são apenas diferentes e atendem às necessidades linguísticas das comunidades que a usam, necessidades que também são diferentes.

Mito 3

Português é muito difícil.

Como o ensino de língua sempre se baseou na norma gramatical de Portugal, e estas não correspondem à língua que falamos e escrevemos no Brasil, acabamos achando que português é uma língua difícil. Temos que decorar conceitos e fixar regras que não significam nada para nós.
No dia em que o ensino de português se concentrar no uso real, vivo e verdadeiro da língua portuguesa do Brasil é bem provável que ninguém mais repita essa bobagem.
Todo falante nativo de uma língua, sabe essa língua. Conhece intuitivamente e emprega com naturalidade as regras básicas de funcionamento dela.
Uma criança entre 3 e 4 anos domina as regras gramaticais de sua língua. As sutilezas, sofisticações, irregularidades no uso dessas regras, a leitura e o estudo lhe darão. nenhuma criança diz, por exemplo: " uma meninos chegou aqui amanhã", no entanto um estrangeiro poderá falar assim.
Se tanta gente repete que "português é difícil", é porque o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português.
Depois de 12 anos de ensino fundamental e médio muitas pessoas sentem-se incompetentes para redigir. Se durante esse tempo os professores tivessem desenvolvido as habilidades de expressão dos alunos em vez de entupir suas aulas com regras e nomenclaturas, essas pessoas se sentiriam mais confiantes no momento de usar os recursos de seu idioma.
Se tantas pessoas cultas e inteligentes continuam dizendo que português é difícil é porque esta disciplina foi transformada numa "doutrina cabalística" que somente iluminados conseguem dominar.
A ideia de que português é muito difícil serve como mais um STATUS QUO das classes sociais privilegiadas.
Sustentar que português é difícil é cavar uma profunda trincheira entre os poucos  que "sabem a língua"  e a massa enorme de "asnos" que necessitam do "auxílio" daqueles "mestres" para saltar por sobre o abismo da ignorância.
A língua real não tem armadilhas, mas sim a gramática normativa tradicional, que existe para nos convencer de que é indispensável.

Mito 4

As pessoas sem instrução falam tudo errado.

O preconceito linguístico se baseia na crença de que existe uma única língua portuguesa, a ensinada nas escolas. Qualquer manifestação linguística que escape da escola-gramática-dicionário, é considerada errada, feia, estropiada, rudimentar, deficiente.
Existe o preconceito contra a fala de determinadas classes sociais e contra a fala característica de certas regiões. Esse preconceito é uma forma de marginalização e exclusão.
É bom observarmos como a fala nordestina é representada na TV de modo a provocar deboche e a dos falantes do sudeste, como se fosse normal.  Do ponto de vista linguístico, as duas regiões apresentam variedades linguísticas diferentes da língua padrão, no entanto o problema não está naquilo que se fala, mas em quem fala o quê. Neste caso, o preconceito linguístico é decorrência de um preconceito social.

Mito 5

O lugar onde melhor se fala o português no Brasil é o Maranhão

Isso é um mito sem fundamentação científica.
Esse mito nasceu da subserviência em relação ao português de Portugal.
No Maranhão se usa com frequência o pronome tu e o verbo com s: tu vais, tu queres. Pronome em extinção, sendo substituído por você e o s no verbo desaparece em muitas regiões do país. No entanto os maranhenses ao mesmo tempo que falam: tu és tu vais, também dizem: "Esse é um livro para tu leres".
Não existe nenhuma variedade nacional, regional ou local que seja "mais correta". Toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. É também resultado de um processo histórico próprio. Florianópolis e São Luiz do Maranhão tem influência da imigração açoriana, por exemplo.
Pesquisas sociolinguísticas confirmam que pessoas de classes cultas de qualquer lugar dominam melhor a norma culta. Existe uma norma urbana culta geral brasileira.
A determinação de normas cultas e não cultas,no entanto, é uma questão de grande frequência das variantes.
É preciso respeitar todas as variedades da nossa, que constituem um tesouro a nossa cultura. Todos com seu  valor, são veículos plenos de comunicação e de relação entre as pessoas que falam. Se tivermos de incentivar o uso da norma culta não podemos fazê-lo de modo absoluto, fonte de preconceito e levar em consideração regras variáveis em todas as variedades, inclusive a culta.

Mito 6

O certo é falar assim porque se escreve assim.

Em todas as línguas do mundo existe um fenômeno chamado variação.
Existe uma tendência no ensino de língua, obrigar o aluno a pronunciar "do jeito que se escreve".
É preciso escrever de acordo com a ortografia oficial, mas não se pode criar uma língua "artificial", reprovando as pronúncias que são resultado natural das forças internas que governam o idioma.
Não existe nenhuma ortografia em nenhuma língua do mundo que consiga reproduzir a fala com fidelidade.
Esta relação entre língua falada e escrita precisa ser reexaminada no ensino. durante dois mil anos, os estudos gramaticais se dedicaram exclusivamente a língua escrita literária, formal. Somente no séc. XX, com o nascimento da ciência línguística, que a língua falada passou a ser considerada como objeto de estudo científico.
A língua falada é a língua como foi aprendida pelo falante em contato com a família e a comunidade.
A língua escrita é artificial, exige treinamento, memorização, exercício de obedecer regras fixas, de tendência conservadora, além de ser uma representação não exaustiva da língua falada. A mera forma escrita não é capaz de traduzir as inflexões e as intenções pretendidas pelo falante.
A importância da língua falada para o estudo científico está principalmente no fato de ser nessa língua falada que ocorrem as mudanças e as variações que necessariamente vão transformando a língua.
A língua falada sempre precede a escrita. Muitos morrem sem ler e escrever, no entanto são falantes competentes de suas línguas maternas. Do ponto de vista da história é a mesma coisa.
As primeiras formas de escrita surgiram há apenas nove mil anos.
A humanidade passou 990.000 anos apenas falando.
Quando o estudo da gramática surgiu, na Antiguidade Clássica, seu objetivo era investigar as regras da língua escrita para preservar as formas mais corretas e elegantes da língua literária. GRAMÁTICA, em grego, significa " a arte de escrever".
Infelizmente essas regras começaram a ser cobradas na língua falada, o que é um disparate científico.
Há cientistas que se dedicam a estudar as diferenças, semelhanças,inter-relações e interações entre as duas modalidades. No entanto o ensino e a gramática tradicional desprezam o fenômeno da língua oral e quer impor a língua literária como a única forma legítima de falar e escrever, como a única manifestação linguística que merece ser estudada.
Essa forma de ver tem produzido uma visão redutora da língua, identificando-a apenas com a regulamentação ortográfica. Alguns autores gramaticais não fazem a distinção básica, elementar entre ORTOGRAFIA e fonética, isto é, entre as regras da língua escrita e os fenômenos da língua oral.

Mito 7

É preciso saber gramática para falar e escrever bem.

Se fosse assim, todos os gramáticos seriam escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática. Mas isso está longe de ser verdade. O escritores são os primeiros a dizer que gramática não é com eles. Carlos Drummond de Andrade, Rubem Braga, Machado de Assis, citados por Celso Pedro Luft.
Mário Perini chama a atenção no mito de que é preciso ensinar gramática para aprimorar o desempenho linguístico dos alunos.
Círio Possenti lembra-nos que as primeiras gramáticas do Ocidente (gregas) foram elaboradas no séc. II a.c, mas que muito antes existira na Grécia uma literatura ampla e diversificada. Ilíada, Odisséia eram conhecidas no séc. XVI a.c. Platão, séc. V e VI a.c, dramaturgo Ésquilo na mesma época. Não havia gramática. Como puderam escrever e falar tão bem sua língua?
As gramáticas foram escritas para descrever e fixar como "regras" as manifestações linguísticas usadas espontaneamente pelos escritores. A gramática normativa, então é decorrência da língua, é subordinada a ela, dependente dela.
Como a gramática passou a ser instrumento de poder e controle, surgiu essa concepção de que os falantes e escritores  da língua é que precisam da gramática, como se fosse uma fonte mística invisível da qual emana a língua " bonita", "correta" e "pura".
Os compêndios gramaticais se transformaram em livros sagrados, cujos dogmas e cânones têm de ser obedecidos à risca para não se cometer "heresia".
A gramática normativa deveria definir, identificar e localizar os falantes cultos, coletar a língua usada por eles e descrevê-la de forma clara, objetiva e com critérios teóricos metodológicos coerentes.
É desse tipo de língua culta que necessitamos para o ensino/aprendizagem e não mais uma norma fictícia, inspirada num ideal linguístico inatingível baseado no uso literário, artístico, particular, exclusivo dos grandes escritores.
Não é a gramática normativa que garantirá a existência de um padrão linguístico uniforme. Esse padrão existirá independentemente de haver ou não livros que os descrevam.
Há um lugar para a gramática na escola, mas um lugar bastante diferente do que lhe era atribuído na prática tradicional do ensino da língua.

Mito 8

O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social.

Seria o caso de dar uma língua aos "sem língua"?
Se o domínio da norma culta fosse instrumento de ascensão na sociedade, os professores de português ocupariam o topo da pirâmide social, econômica e política do país.
O domínio da norma culta dever vir associado ao acesso às tecnologias, avanços da medicina, empregos bem remunerados, participação e conscientes nas decisões políticas. Isso poderá contribuir na garantia da ascensão social.
É preciso garantir o reconhecimento da variação linguística, porque o domínio d norma culta não é uma fórmula mágica que resolverá os problemas de um indivíduo carente e marginalizado. É preciso garantir o acesso à educação, os bens culturais, à saúde, habitação, transporte e uma vida digna. É preciso a transformação da sociedade como um todo, pois enquanto vivermos numa estrutura social cuja existência exige desigualdades sociais profundas, toda tentativa de ascensão social é hipócrita, cínica, paternalista ou ingênua.
Falar em língua é falar de política e essa reflexão não pode estar ausente, do contrário, estaremos contribuindo para a manutenção do círculo vicioso do preconceito linguístico que é irmão gêmeo do círculo vicioso da injustiça social.
Valerá mesmo a pena promover ascensão social para que alguém se enquadre dentro desta sociedade em que vivemos, tal como se apresenta? Basta observar os indivíduos que detêm o poder: não são apenas falantes da língua culta, mas sobretudo, em sua grande maioria, homens, brancos, heterossexuais, nascidos/criados na porção sul-sudeste do país ou oriundos das OLIGARQUIAS FEUDAIS DO NORDESTE.

O círculo vicioso do preconceito linguístico

O círculo vicioso  se forma pela união de três elementos: a gramática tradicional, os métodos tradicionais de ensino e os livros didáticos.
A gramática tradicional inspira a prática de ensino, que por sua vez provoca a indústria do livro didático, cujos autores recorrem a gramática tradicional como fonte de concepções e teorias sobre a língua.
A gramática tradicional continua forte e as práticas de ensino variam de acordo com  região, das concepções, da escola, do professor, no`entanto à crítica aos preconceitos e ao exercício da tolerância tem tornado o ambiente escolar mais respirável e democrático. O MEC esteve provocando reflexões sobre os temas relacionados a ética e cidadania. Veremos se esses esforços refletirão na prática de sala de aula. Nesse movimento muitas editoras vêm produzindo material didático compatível com as novas concepções didáticas e o sistema oficial de avaliação do livro didático tem contribuído para uma revisão das formas tradicionais desse tipo de livro.
É necessário um trabalho contínuo e profundo de conscientização para desmascarar os mecanismos que compõe a mitologia do preconceito.
O círculo vicioso contempla ainda um quarto elemento que são os comandos paragramaticais. É todo arsenal de livros, manuais, de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio, TV, colunas de jornal e revista, CD-rums, "consultórios gramaticais".
O que esses comandos poderiam representar de utilidade acaba se perdendo no preconceito que envolve essas manifestações.
Toda essa influência dos meios de comunicação e da informática poderia ser usado para destruir mitos, na elaboração da auto-estima linguística e divulgação do que há de fascinante no estudo da língua.
Quanto aos comandos paragramaticais veremos algumas manifestações preconceituosas:
. Napoleão Mendes de Almeida, professor que até morrer em 1998/87 anos, nunca escondeu em  suas colunas de jornal e no seu Dicionário de questões vernáculas. Além do preconceito linguístico, também social expresso nas falas "língua de cozinheiras" e de infelizes caipiras. Para ele a literatura morreu com Machado de Assis (1908). As explicações de Napoleão se baseiam em comparações com o latim e grego, atribuindo "erros" da sintaxe dos brasileiros à imitação  do francês e inglês, desconsiderando as contribuições da ciência linguística moderna. Seu dicionário de questões vernáculas, da perspectiva da ética mais elementar, desrespeita os direitos linguísticos dos cidadãos brasileiros.

Um festival de asneiras  

Na mesma linha preconceituosa se encontra o livro "Não erre mais" de Luiz Antônio Sacconi. É um prato cheio para quem desejar ver a perpetuação de todos os preconceitos linguísticos.
O livro tem o mais remoto critério de organização. Os supostos erros são encadeados caoticamente. A obra tenta ensinar coisas inúteis e corrige "erros" cometidos por uma única  pessoa, em determinada ocasião, não tendo portanto, a frequência de uma regra variável, mas lapsos cometidos por alguém. Lendo o livro descobre-se que para o autor todos os brasileiros são ignorantes, menos ele. A "norma culta" é uma flor única que só germina na casa dele. Sacconi aceita a crença primitiva e ingênua de que a palavra e o objeto a que ela se refere são uma e a mesma coisa: se a forma da palavra está "errada", o objeto não existe. Sacconi critica jornalistas, caminhoneiros, domésticas, donas de casa, e obras de escritores de reconhecido talento.
O livro "Não erre mais" de Sacconi está repleto de erros - erros de descrição de fenômenos linguísticos, erros de conduta: preconceituosa e nada ética - " um verdadeiro festival de asneiras" - usando palavras do próprio Sacconi.

Beethoven não é dançado

A investigação  da presença "epidêmica" do preconceito linguístico nos comandos paragramaticais será na coluna do jornal chamada "Dicas de Português", criada por Dad Squarisi. Em poucos  parágrafos a autora conseguiu reunir quase todos os chavões rançosos que compõem o preconceito linguístico, sociais e éticos. A análise de Dad Squarisi é bem pobre, pois só leva em conta o critério sintático, reduzindo-o a um jogo de supostas e equivalências. Atitude comum do gramático tradicionalista, que encara a língua como um objeto descontextualizado, inerte, congelado, morto, fora do tempo, fora do espaço, independente das pessoas que o falam.
Dad Squarim, por fim, apóia-se no nome glorioso de Camões para justificar seus ataques grosseiros contra quem não se  "enquadra" na "lei da concordância".

A desconstrução do preconceito linguístico

Reconhecimento da crise. Existe uma crise no ensino da língua portuguesa. 
Professores, alertados, já não recorrem à gramática normativa como única fonte de explicação para os fenômenos linguísticos, mas sentem falta de instrumentos didáticos que possam completar ou substitui-los.
A norma culta é algo reservado a poucas pessoas e isso deve-se a três problemas básicos: primeiro a quantidade de analfabetos, analfabetos plenos e funcionais. São ao todo mais de 60 milhões de brasileiros. Numa lista de 175 países elaborada pela ONU, o Brasil ocupa o 93º lugar em índice de escolarização, ficando atrás da Etiópia e Índia. O Brasil uma das dez maiores economias do planeta. Ocupamos também o 80º lugar em investimento na educação. Tudo isso num país cuja Constituição diz que a educação é "dever do estado".
A norma culta está vinculada a norma literária, à língua escrita. Com tantos analfabetos, lamentar a "decadência" da norma culta no Brasil é uma atitude cínica. Segundo, por razões históricas e culturais, a maioria das pessoas alfabetizadas não cultivam nem desenvolvem suas habilidades linguísticas no nível da norma culta. Ler e escrever não fazem parte da cultura das classes sociais alfabetizadas. Isso se prende ao preconceito de que " brasileiros não sabe português e de que "português é difícil". Em vez de incentivar o uso das habilidades linguísticas do indivíduo, deixando-o expressar-se livremente para depois corrigir fala e escrita, age ao contrário: interrompe o fluxo natural da expressão e da comunicação com a atitude corretiva, cuja consequência é o sentimento de incapacidade, de incompetência.

(Referência Teórica: Preconceito linguístico - Marcos Bagno/1999)






segunda-feira, 1 de junho de 2020

M S T

A semente do MST já estava lançada quando os primeiros indígenas levantaram-se contra a mercantilização, a apropriação pelos invasores. Seus primeiros combatentes foram Sapé Tiarajú, comunidades Guaranis, quilombos, Canudos, Contestado, Ligas Camponesas e o MASTER.
O MST é herdeiro dessas lutas. O MST é forjado no sindicalismo combativo, liberdade política e nas Diretas já.
O MST nasce formalmente em Cascavel/PR em 1984, quando reunidos, posseiros, atingidos pelas barragens, imigrantes, meeiros, parceiros, pequenos trabalhadores rurais sem terra, pensam em fundar um movimento social camponês autônomo, que lutasse pela terra, pela reforma agrária e transformações sociais necessárias para o nosso país.
Nesses 35 anos do MST, o movimento esteve ligado a todas as lutas para enfrentar o agronegócio, e o capital financeiro internacional. O MST luta para libertar estas terras e produzir alimentos. Luta para criar condições dignas de vida no campo e na cidade e construir uma sociedade em que nosso povo tome seu destino pelas mãos e decida seu caminho.




Em  2020 durante a pandemia o MST distribuiu alimentos para a população urbana em várias cidades do Brasil.






Nas fotos o MST  e o Sindicato dos petroleiros uniram-se na solidariedade, distribuindo alimentos e gás às famílias de Curitiba/PR.




A luta pela reforma agrária ceifou a vida de muitos trabalhadores, contudo a luta pela terra continua.
O Brasil não pode continuar sendo um dos países com maior concentração de terras do mundo.


A semente é o óvulo maduro e fecundado das plantas. Sua importância está relacionada às formas mais primitivas de reprodução.


Que a semente brotada nas terras da reforma agrária "verdejem" nos campos livres e que a semente da luta e resistência brote forte em nossos corações

CONTRA FAKE NEWS

 Fake News são notícias falsas. São boatos irreais que apelam para o emocional do leitor/espectador. Esse tipo de notícia  tem aumentado e invadido a sociedade, principalmente as redes sociais. Precisamos nos colocar contra essa forma de notícia  e condenar os envolvidos. 
Abaixo  os principais investigados pela Polícia Federal.