Educar nunca foi fácil. Desce sempre as sociedades enfrentam esse dilema nas diferentes instituições: familiar, escolar e comunitária.
Nestes diferentes espaços agem diferentes mediadores, no entanto todos igualmente fazem o papel do sujeito mais experiente.
Nessa relação entre os sujeitos a pergunta que fica é, que experiências são essas que estamos passando?
Nas famílias que valores e cultura os sujeitos mais experientes passam aos filhos?
Nas unidades de ensino que tipo de profissionais cumprem o papel de mediadores experientes?
Nas comunidades quem são os referenciais dos aprendizes?
O que é fundamental que seja socializado às nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos no exercício dialógico entre os sujeitos na busca do conhecimento?
Esses espaços educativos não são instâncias isoladas. Os sujeitos circulam entre um e outro,concomitantemente, assim ao mesmo tempo que os pais e parentes estão educando, os professores, os especialistas, os donos de empresas, os colegas de trabalho cumprem esse papel.
Sob essa ótica precisamos ver a educação como responsabilidade de todos. Ver a educação como resultado dos esforços individuais e coletivos da sociedade em que vivemos.
Ainda nessa visão global, a educação é fruto da forma como essa sociedade se constitui politicamente, ideologicamente e culturalmente.
Portanto, perceber esse contexto histórico cultural e ver os sujeitos como agentes nesse sistema nos faz compreender porque somos o que somos, fazemos o que fazemos e pensamos como pensamos.
Como o contexto nos envolve e nos coloca como sujeitos construídos historicamente, parece não nos sobrar nada de genuíno, no entanto, é nisso que reside a grandiosidade. Ao mesmo tempo que somos imersos no contexto coletivo, fizemos o mergulho no conhecimento, de forma individual e particular. Isso cria a possibilidade do novo. O novo que só surge se conseguirmos submergir com nossas próprias forças, nossas próprias conclusões e visões.
A educação tem a função de colaborar nessa desvelação da realidade, na contextualização dos sujeitos, mas fundamentalmente de respeitar e incentivar essa maneira individual de ver e ler o mundo.
Embora o conhecimento sistematizado historicamente seja a base de toda educação e essencial na formação, são também as necessidades instantâneas, urgentes, presentes, que nos desafiam a buscar novas formas de ser e viver no mundo.
Assim, educar, ao mesmo tempo que pode "transmitir o legado", pode "transgredir o legado"
E é nesse sentido que o papel do sujeito experiente, a visão desse sujeito, faz a diferença na sua ação educativa.
Não somos repetição de modelos intocáveis e engessados. Somos pessoas dotadas de capacidade para refletir sobre o conhecimento, a cultura, a organização social e sobre nós mesmos. Não se constrói o novo sem transgredir o "status quo".
O docente é este mediador que se coloca como intermediário nesse desvelar histórico e o surgimento do novo.
Assim o pensamento autônomo se constitui quando temos a oportunidade de nos relacionarmos numa sociedade democrática que tem como princípio a liberdade de expressão, a compreensão das diferenças e políticas públicas voltadas para a valorização da vida.
Vista sob esse prisma, educar é mais que reproduzir mão de obra para responder exigências do mercado ou uma demanda social, é construir sujeitos capazes de apresentar soluções sustentáveis, economia justa para todos. Sujeitos capazes de amar e responsabilizarem-se pelos outros.Sujeitos construtores de felicidade e não reprodutores de desigualdades.
Lembrando o grande educador brasileiro, Paulo Freire: "Não sou se você não é, não sou sobretudo, se você é obrigado a "não ser"".
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