segunda-feira, 5 de junho de 2017

COMO EU ODEIO TE AMAR

Como eu odeio te amar
Estou tentando por parcelas
Porque não é fácil deixar de te sonhar
Incrivelmente não consigo mandar nos meus sonhos,
E há dias que nem sonho com insônia de você
O pior é que ontem tinha deixado de vez  de estar na sua,
mas hoje ao acordar pensei em você aqui do meu lado nessa cama que agora é tão grande
e não teria coisa mais prazerosa
que você deitado no escurinho do meu quarto
e apenas um meia luz de canto
que me dá o privilégio de enxergar as curvas das tuas costas,
e a minha mão que pousa nelas com o universo de possibilidades
do que elas poderiam fazer
Esqueço que tal sentimento não é recíproco,
e acabo me encontrando no mesmo lugar,
sozinha em um quarto apenas ,
no pensamento onde quem reina é você
Odeio não ter capacidade de te esquecer
Odeio a ser você o primeiro em que perco tempo amando
Odeio saber que não será o último
Odeio não ser o suficiente
E odeio isso por ir contra minha filosofia
Odeio estar escrevendo esse texto
que mostra o quão estranhamente me importo e você tão pouco
Odeio não saber o porquê amo
é o que mais me deixa incômoda
Talvez esteja na sua face indecifrável,
seu olhar, que pessoalmente é o que mais me afeta,
ou talvez você simplesmente se encaixa nos meus padrões
e agora virou uma das minhas manias...
Estou nesse poema a dias,
pois não consigo deixar em ordem as várias coisas que sinto por você
conciliar ódio e amor
e ainda me preocupo em fazer rimas
e combinar estrofes
Além da vontade que tenho de te mostrar todos esses versos
para que tenha noção de como estou passando cada mísero instante
e  "dizer coisas que ninguém consegue explicar"
É engraçado que antes de ter o conhecimento da sua existência
eu concordava com a ideia de um filósofo que dizia
que não amamos a pessoa em si e sim o sentimento de amá-la, talvez,
mas sinceramente eu nunca me senti tão intensa em sentir amar alguém
Eu sei, sei que vou ter novamente o sentimento de amar,
mas tenho outra certeza,
que não será você
Nunca a mesma energia,
Jamais a mesma veracidade
Me pego pensando em você
e de como poucos entenderiam
ou até mesmo ninguém
o fascínio que deposito em ti
Quase cheguei a julgá-los como leigos por não compreenderem,
mas por um curto tempo pensei
que quem sabe não sou eu que exagero
Vejo nos meus mais profundos devaneios
que na verdade não careço do sabor dos seus lábios nos meus novamente,
nem do seu toque na superfície da minha pele,
ou da sua voz no pé do meu ouvido dizendo qualquer coisa que me agrade,
só, e apenas a sua presença já bastaria
pois seus olhos udos já parecem conter todas as coisas em que acredito,
toda paz que necessito
e abrande muito mais além do que nós, meros seres humanos,
temos discernimento para entender e nomear
Perdi a conta de quantas vezes li todo esse amontoado de palavras
que me fazem vagamente ter a lembrança da sua presença
Reli tantas vezes o começo desse texto
que posso até declamá-lo como se fosse meu hino
O mais engraçado é que penso em ti o dia todo, porém,
como ao mesmo tempo tento fingir que não
e continuo agindo normalmente
Que escapatória eu teria se não dar a impressão às pessoas de que tudo está normal

E faço disso meu remédio - escrever

E como um dos mais clichês diagnósticos o brega do amor é minha doença
Não, não temo te amar demasiado,
mas temo não saber compreender o real motivo,
pois não consigo entender minha própria cabeça (que é algo de costume),
mas que se for analisar,
diria que eu formo uma imagem sua que não condiz com a verdade
Ao final tiro como conclusão,
que vivo em um eterno conflito interno,
e apenas eu sei lidar com isso
Mas mesmo assim, para ter noção, imagino que ao te ver
qualquer pessoa enxergaria em meus olhos o impacto que você me causa
Como um cigarro você viciou-me e não sei mais o que fazer
se não, te largar pouco a pouco
O tempo vai passar
a hora me fará escrava de outros pensamentos, de outras ideias,
de decisões, de pessoas novas, preocupações, trabalhos escolares, coisas pra cuidar
e acabarei sendo obrigada a afastar seu ser da minha mente
e sei que não posso me martirizar por isso,
apenas deixar que aconteça

Espero que algum dia eu leia esse poema
com olhos curiosos por não lembrar direito como eu o escrevi
mas que eu saiba valorizar o tempo que dediquei fazendo-o
e principalmente sentindo-o

( Lídia Remus Gregório - 16 anos - dez. 2016)

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