segunda-feira, 31 de agosto de 2009

TEXTOS DA PROFESSORA CURSISTA MARILISE ALBERTI

Textos referentes as unidades 17 e 18 do TP5 - ESTILÍSTICA E COERÊNCIA TEXTUAL.


TEXTO DE REFERÊNCIA – TP5 – UNIDADE 17 – ESTILÍSTICA

A unidade 17 do TP5 trata da Estilística, uma disciplina ligada à Linguística na qual se estuda o estilo. A palavra estilo, no domínio da linguagem, não é tão simples de definir. Segundo alguns estudiosos de Estilística, estilo é o resultado de uma escolha dos meios de expressão realizada pelo falante que se liga às suas intenções contendo emoção e afetividade particulares. Estilística permite a liberdade de escolher o modo como desejamos usá-la, não podendo ser confundida com a Gramática que estuda os elementos da língua. Em suma, estilo é a maneira de usar a língua para efeitos de sentido.
Nem sempre a Estilística é individual, pode também representar o conjunto de características comuns aos autores de um dado período (estilo de época). A língua portuguesa dispõe de muitos recursos estilísticos que estão à disposição dos falantes para a expressão de seus estados emotivos e sua opinião provocando uma reação afetiva no interlocutor.
O modo como o falante constrói sua fala pode ser entendido como estilo ou variante linguística dependendo da intencionalidade. Quando o falante deseja manifestar ou transmitir emoção em determinado ato da fala, dizemos que é matéria da Estilística. Porém, se determinada característica de uso da língua é permanente, temos um estudo linguístico. Trabalhar um texto enfocando o estilo significa afastar-se do plano meramente gramatical e usufruir de recursos expressivos que a língua oferece para desviar-se do padrão e alcançar um objetivo. Os valores ligados à sonoridade, à significação e formação das palavras, à constituição da frase e do discurso fazem parte desses recursos.
A Estilística do som e da palavra diz respeito a dois planos, o da sonoridade e o da significação. No plano sonoro, o que importa é o efeito obtido pela repetição dos sons, geralmente o sentido fica em segundo plano. Os sons da língua podem provocar sensações ou sugerir impressões e fazem parte desse conjunto de recursos os fonemas e prosodemas (acento, entoação, altura e o ritmo). Não há uma regularidade na exploração da sonoridade das palavras, pois não é exclusividade do texto em versos, muitas vezes, os textos em prosa apresentam valores estilísticos ligados ao som, ao ritmo e à melodia da frase.
Podemos destacar, entre os recursos sonoros, a aliteração (repetição de consoantes), a assonância (repetição de vogais e sílabas tônicas), o ritmo (rima e métrica), e a onomatopéia (imitação de ruídos da linguagem). Todos esses recursos podem ser utilizados simultaneamente obtendo-se, assim, uma harmonia imitativa, que produz um efeito parecido com o de uma orquestra na qual todos os instrumentos são tocados harmonicamente para que se tenha uma melodia capaz de transmitir sentimentos.
No plano da significação, existem recursos estilísticos que se relacionam com o significado da palavra na construção de sentido. Figuras de linguagem como a metáfora e a metonímia são muito comuns nesse plano. Além disso, o emprego de algumas palavras apresenta tonalidades emotivas e podem sofrer mudanças momentâneas de gênero para exprimir sentimentos do falante. Essa tonalidade emotiva se dá quando as palavras lembram a origem ou a variante linguística a que pertencem. Como exemplos, temos: as palavras emprestadas de outras línguas, os arcaísmos (palavras que caíram da moda), os regionalismos e a gíria.
É importante ressaltar que a transgressão consciente a norma gramatical, ou seja, com uma intenção e função específica, é um recurso de estilo. No entanto, para transgredir as normas gramaticais é necessário conhecê-las para que isso se torne uma qualidade e não um defeito de estilo.
Há, ainda, a Estilística da frase e da enunciação que envolve as escolhas organizacionais feitas pelo falante na interação comunicativa. Frase é uma unidade do texto que, no contexto em que aparece, apresenta uma unidade de sentido. Já, a enunciação é um ato de produção de significados, traz as marcas da situação, do contexto sócio-histórico, do locutor, do receptor, do referente envolvidos no ato de comunicação verbal. Destacam-se entre os recursos a escolha do discurso (direto, indireto ou indireto livre) da frase (simples ou fragmentada) os quais produzirão diferentes sentidos quando utilizados no texto.


TEXTO DE REFERÊNCIA – TP5 – UNIDADE 18 – COERÊNCIA TEXTUAL

Em todas as relações de nossa vida é importante haver uma interligação harmoniosa. No texto não seria diferente, pois essa interligação garante sua inteligibilidade e compreensão sendo conhecida como coerência textual.
Os seres humanos dependem da natureza para sua sobrevivência. O meio ambiente integra homens e natureza e é definido como o conjunto de condições naturais e de influências que atuam sobre os organismos vivos e os seres humanos de maneira, quase sempre, harmoniosa. As más alterações causadas no meio ambiente são a grande preocupação atual. A partir do reconhecimento de que a exploração desenfreada dos recursos naturais causa prejuízo, percebemos, enquanto seres integrantes do meio ambiente, que essa exploração deve ser harmoniosa. A esse processo de percepção chamamos consciência ecológica.
Assim como na consciência ecológica, o entendimento de que as partes envolvidas em um texto (palavras, frases, parágrafos) são dependentes e formam um todo com sentido é de grande importância para a construção da coerência textual. A adequação entre os elementos lingüísticos cria uma harmonia textual que será percebida na leitura ou na recepção desse texto. O modo como os textos verbais e não-verbais encaixam seus elementos causa, consequentemente, a inteligibilidade que dependerá do conhecimento de mundo e experiência prévia do leitor. Coerência, portanto, é uma qualidade do texto, dependendo também dos interlocutores que a constroem textualmente.
Sempre que vemos, lemos ou interpretamos uma mensagem, verbal ou não-verbal, procuramos compreendê-la articulando os sentidos das partes com os sentidos do todo. Para tanto, recorremos aos conhecimentos adquiridos durante nossa vida, nos exercícios com a linguagem e com as formas de comunicação que temos contato. É por essa observação que vamos encontrando nos textos “pistas”, de natureza lingüística ou não, para construir o seu sentido. A leitura das partes conduz à compreensão do todo.
Muitas vezes, temos que usar nossa imaginação para conseguir construir o sentido do texto, interpretando-o. A coerência estabelece-se na interlocução e depende de uma multiplicidade de fatores que não estão apenas e exclusivamente no texto, sendo seus interlocutores agentes envolvidos na produção de sentidos.
Nenhuma enunciação surge do nada, é uma necessidade desencadeada pela situação ou por uma enunciação anterior. Por isso dizemos que toda enunciação estabelece um elo significativo com o que já foi dito, com o contexto dos interlocutores e com todas as formas de conhecimento que a precederam. Diferentes leitores, com diferentes visões e conhecimentos prévios, podem atribuir diferentes níveis de coerência.
A construção da coerência textual se dá, também, por combinação de elementos inesperados que podem criar humor e ironia. Essa construção tem a ver com a boa formação de um texto, ou seja, com a possibilidade de articular as informações trazidas pelo texto com o conhecimento que os interlocutores já têm da situação e do assunto. Portanto, tanto o autor quanto o leitor tem um papel importante a desempenhar nessa construção.
A coerência está ligada aos gêneros textuais quando estes causarem uma expectativa para a leitura. Isso ocorre muito em textos publicitários, pois a solidariedade entre as informações tem muito a ver com o contexto sócio-comunicativo em que foram produzidos e veiculados. Além disso, os elementos lingüísticos exercem um papel importante na coerência já que são eles que dão as pistas iniciais para nossas interpretações e podem, também, frustrar ou facilitar essa interpretação.
A partir dos mais variados fatores (lingüísticos, sociais, culturais e interpessoais) desenvolvemos habilidades de leitura, principalmente quando vamos construindo expectativas a respeito da sequência textual. A ordenação das partes pode ser um dos critérios de atribuição de coerência, pois nem sempre há uma ordem cronológica nos textos.
Em todo texto, para ser coerente, deve haver um equilíbrio entre conhecimentos prévios e informações novas para que não existam dificuldades na articulação entre o conhecido e o desconhecido. Um texto não pode pecar nem pelo exagero nas informações novas nem na redundância das mesmas.
Outro fator importante é a contextualização de informações, pois pela contextualização é possível perceber como elas podem ser interpretadas na construção da coerência.
Em suma, é pela coerência textual que se vê – e se faz – a diferença entre um mero amontoado de palavras e um texto.

4 comentários:

Aline disse...

Parabéns colega!!
Seu texto ficou ótimo, perfeito, fácil de entender..muito bom mesmo..
PARABÉNS!! Continue assim..

Cristina e Vanda disse...

Marilise é poderosa...aplicada...e nossa amiga!!! É claro né...os textos estão um most!!
Beijinhos e sucesso.

Alessandra Barcelos disse...

Marilise,

esse seu texto é de suma importÂncia pois serve de ferramenta para subsidiar aulas de produção textual.

Parabéns pela coerência e coesão de seu texto que ficaram muito bem colocadas em linguagem clara e direta.

Beijinhos

Marilise disse...

Muito obrigada amores... Adoro vocês!!!