Patrimonialismo e Capitalismo à Brasileira

PATRIMONIALISMO E CAPITALISMO À BRASILEIRA - Arilson Favareto.

Governo federal anunciou ontem o congelamento do reajuste dos servidores públicos, incluindo aí professores, policiais, fiscais e auditores, agentes de saúde. Uma economia de R$ 9 bilhões. Ganhou rasgados elogios dos grandes jornais e efusivos aplausos de economistas liberais Duas semanas antes, em troca do não ao afastamento de Temer, o mesmo governo federal anunciou, entre outas "bondades", concessões à chamada bancada ruralista sob a forma de perdão de dívidas e afins, gerando prejuízo aos cofres públicos na casa dos...R$ 8,5 a 12 bilhões, coincidentemente! É quase uma transferência direta de renda destes professores, policiais, agentes de saúde aos fazendeiros que não pagaram impostos. Sobre isso, silêncio condescendente (ou no máximo a crítica tímida) dos mesmos grandes jornais e economistas liberais. Entre uma coisa e outra se cogitou um aumento na alíquota de imposto de renda que atingiria quem ganha mais de R$ 22 mil reais ao mês. Na hora os mesmos jornais e economistas liberais gritaram, acompanhados do grande empresariado, dizendo que "a sociedade" não aceita pagar mais impostos. Sem mencionar que apenas 1% da "sociedade" ganha mais do que R$ 22 mil. A proposta morreu no dia seguinte. Resultado, um professor continua pagando o mesmo percentual de imposto de renda que o dono do Banco Itau. Se a conta envolver todo tipo de imposto pago no dia a dia, qualquer trabalhador comum paga muito mais proporcionalmente ao que ganha do que aquilo que pagam os donos do Itau, do Bradesco, do jornal Estadão etc. Em mais uma "coincidência",no mesmo dia foram anunciados os maiores cortes no Bolsa Família, programa voltado àqueles que vivem em situação de pobreza, prejudicando portanto o grupo das pessoas que tem renda inferior a R$ 170 reais ao mês. Assim funciona o capitalismo brasileiro. Isso é patrimonialismo. Não é o tamanho do Estado e sim a forma como ele funciona e a quem ele beneficia.